Duarte Oliveira - 4º C - Centro Escolar da Gandra
Vida de bola
Eram três… três bonitas e enérgicas bolas de futebol, que habitavam num casarão encantador, na cidade do Porto. Para além das bolas, moravam naquela casa um rapaz chamado Rúben e os seus simpáticos pais.
As bolas eram distinguidas pelos seus nomes: Balança, Nokas e Ardidas. Elas gostavam de participar em diversas atividades com o menino como pinchar na lama e serem pontapeadas para as redes das balizas, no campo de futebol que existia perto de casa. Quando não estavam a brincar, as bolas eram colocadas nos seus lugares de destaque, no quarto do Rúben, cada uma na sua prateleira. Aquele quarto era bastante colorido e era ocupado por outras dezenas de brinquedos. Contudo, as bolas eram mesmo os brinquedos preferidos do rapaz. Isto porque Rúben era completamente apaixonado por futebol. Até era conhecido pelos amigos como Maluquinho da Bola!
Quando as bolas estavam sozinhas, ganhavam vida própria e faziam diversas coisas como discutir assuntos importantes e secretos, trocar de prateleiras, pinchar na cama e muitas outras coisas.
Certo dia, algo inesperado ocorreu. A Balança tinha desaparecido! Naquele dia, Rúben foi brincar com a Balança e no final do dia não a trouxe para o quarto.
- Que estranho - comentaram as duas bolas. – Por onde andará a Balança?
Os dias foram passando e nem uma notícia da Balança! As amigas ficaram mesmo preocupadas… E mais preocupadas ficaram no dia em que o Rúben trouxe para o quarto, para o antigo lugar da Balança, uma outra bola, a Pomada.
- Talvez se tenha perdido no campo de futebol - comentou a Ardidas.
- Ou talvez pior que isso! Pode ter sido furada, e ido parar ao caixote do lixo!!! - exclamou a Nokas, apavorada.
Com o tempo a Balança foi esquecida!
A Pomada era muito alegre, bastante educada e um pouco faladora e as outras bolas ficaram amigas dela.
Uns bons meses depois, Rúben abria um presente de Natal enquanto as bolas sussurravam umas com as outras.
- O que será aquilo? – perguntou a Nokas.
- Parece-me que é roupa! - exclamou a Pomada.
No entanto, de dentro do embrulho veriam sair uma nova e renovada Balança!
- Que estranho! – exclamou a Ardidas. – A Balança não tinha desaparecido?
E logo, todo eufórico, Rúben foi expor a sua renovada, e ainda mais bonita Balança, na sua prateleira própria para bolas, substituindo a Pomada, que foi colocada no chão do quarto.
Quando Rúben abandonou o quarto, a Balança exclamou:
- Há quanto tempo não vos vejo!
- Por onde andaste? – perguntou a Nokas.
- Eu andei num camião…
- Não, não. Queremos saber onde estiveste, não em que veículo andaste. – disse a Pomada.
- Então, eu estive nas mãos dos jogadores do FC Porto!
- Uau! E depois, e depois? – interrogou a Nokas.
- Depois, como veem, fui autografada pelos próprios jogadores!
- E mais, e mais? – questionaram as duas.
- Para além disso, até pisei o relvado do estádio. Foi uma experiência inesquecível!
Poucos dias depois, os pais do Rúben disseram ao rapaz que estavam fartos de ver a Pomada sempre a rebolar por toda a casa e que iriam arrumar a bola na garagem ou no sótão.
A Ardida e a Nokas ficaram felizes por voltarem a ver a amiga Balança, mas por outro lado também sentiram falta da Pomada, pois já tinham criado amizade com a bola.
Com o passar do tempo, Rúben começava a brincar cada vez mais com a Balança e as outras bolas até pareciam espectadores de futebol, porque eram bolas de futebol e raramente brincavam com o rapaz.
- Que chatice! Quase nunca brincamos com o Rúben! – exclamou a Ardidas.
- Tens razão. Agora ele só joga com aquela vaidosa! – exclamou a Nokas.
E a Ardidas continuou:
- Até parece que nem existimos!
- Para me entreter, vou para a cama do Rúben pinchar. – afirmou a Nokas.
De repente, o rapaz entrou no quarto com a Balança e ouviu as bolas a falarem.
- Mas como é que…? Vocês falam?
- Aaaaah…Sim, nós falamos! – exclamou a Ardidas.
- Mas como? – interrogou o rapaz.
- Nós temos superpoderes! – explicou a Nokas. - A Balança e a Pomada também os têm.
- Eu estou espantado com a situação!
- Não te preocupes! A tua vida não mudará nada! – exclamou a Nokas. Continuas a brincar connosco da mesma forma.
- Ok! Não me vou preocupar mais! Mas qual era o assunto da vossa conversa anterior, antes de eu chegar ao quarto?
- É que, às vezes, parece que não existimos. Tu só dás atenção à Balança… E temos saudades da Pomada. - explicou a Ardidas.
- Desculpem-me! É que já não via a Balança há séculos e então queria estar com ela algum tempo, só isso.
- A sério que ainda não reparaste que quase nunca nos tocas? – perguntou a Nokas.
- Sim! Agora!
- Hahahaha! – riram-se todos.
- Sabem uma coisa, vou pedir ao meu pai para construir mais uma prateleira, para a Pomada. E isto vai ser um segredo, está bem?
-Sim!!!!!! – responderam todas.
- Filho, tens aí algum amigo? - perguntou a mãe.
- Não, só estou a falar ao telemóvel!
- Que telemóvel? Tu não tens telemóvel!
- Uuuuuups!